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Anjo Maldito

Com direção de Maurício Vogue e assistência de direção de Isidoro Diniz, o espetáculo
“Anjo Maldito” é uma livre adaptação contemporânea de Rhenan Queiroz, da obra literária
“Diário de um Ladrão” do escritor francês Jean Genet.
O texto mistura ficção com autobiografia através de uma louca simbiose poética – Jean,
personagem central, vê Stiliano, um excêntrico marginal, como seu principal objeto de
adoração e, seduzindo-o e fazendo-se seduzir, torna-se imerso em cada uma de suas
intensas aventuras, emaranhadas em uma densa e excitante atmosfera do universo da
viciante subsistência do crime.
Nessa montagem inédita, o espetáculo conta com a participação de dois atores negros,
Glayson Cintra e Lucas dos Santos: jovens atores que se dispuseram a encenar esta obra
pelas afinidades com o autor e sobretudo pelo compromisso de Genet na luta antirracista
travada todos os dias por homens e mulheres pretas desse país.
“Anjo Maldito” é a terceira montagem da Cia. Nossa Senhora do Teatro Contemporâneo, a
partir da obra do dramaturgo francês. A primeira, “Querelle” de 2000, contou com a direção
de César Almeida. “As Malcriadas” de 2014 foi a segunda imersão no universo de Genet,
com a direção de Isidoro Diniz.
“Genet é inspiração sempre para várias gerações, a minha sobretudo, foi arrebatada pela
histórica montagem da peça, ‘O Balcão’ encenada pelo diretor argentino Victor Garcia,
ganhando todos os prêmios importantes do ano, projeto que destacou Ruth Escobar como
atriz e produtora naquele ano de 1969″, diz Isidoro Diniz a respeito da influência do
dramaturgo na sua trajetória artística.
Jean Genet
Ativista dos direitos humanos, Genet teve participação em diversos protestos na França,
dois deles junto com Marguerite Duras, pela melhoria das condições de trabalho (precárias)
dos imigrantes. Indignado com a prisão dos líderes dos Panteras Negras no final de
fevereiro de 1969, voou de Paris ao Canadá para cruzar ilegalmente a fronteira até os
Estados Unidos, pois seu visto havia sido negado pelo país. Durante dois meses e meio,
participou de diversos protestos e palestras declarando sua solidariedade à organização.
Seu mais importante discurso, feito em New Heaven para mais de 25 mil pessoas, foi
publicado pelos Panteras Negras em dois artigos: “Aqui e Agora para Bobby Seale” e
“Discurso de Maio”.
“Nosso ativismo é todo instante e não podemos baixar a guarda. A luta para uma sociedade
mais solidária, humana e antirracista é um compromisso de todos, mas principalmente das
pessoas brancas”, finaliza Diniz.
O espetáculo é realizado com recursos da Lei Federal de Incentivo a Cultura com patrocínio
da Sanepar e Governo do Estado do Paraná.
Realização
CIA. NOSSA SENHORA DO TEATRO CONTEMPORÂNEO

Quando fui convidado para dirigir ”Anjo Maldito”, uma livre adaptação de uma obra de Jean

Genet ,imediatamente pensei em libertação. A primeira coisa que comecei a trabalhar foi a

minha própria libertação:- libertar-me de meus medos, angústias, preconceitos,

julgamentos, da morte e da vida e de tantas outras coisas que eu sentia que pudessem

sufocar meu corpo e espírito. No processo de direcionamento dos dois atores, proferi a

mesma sentença: absolver encenação e interpretação, liberar a verdade e a mentira mais

profunda, trazendo o melhor e o pior a tona. O trabalho delicado e cruel da adaptação do

autor Rhenan Queiroz foi nosso ponto de partida, que com maestria soube nos entregar,

como crianças inocentes, ao universo marginal de Jean Genet, nos fazendo perceber que o

sublime e a maldade fazem parte da mesma linda, desfigurada, ora realista, ora fantasiosa,

mas sempre poética criação. Agradeço imensamente a toda equipe de criação, elenco e

produção, em especial ao meu amigo irmão Isidoro Diniz, não somente por esse trabalho,

mas por todas as nossas parcerias artísticas. E a esse grande presente que é a vida,

termino com uma saudação piegas, mas sempre necessária: Evoé!

Maurício Vogue – diretor

Biografia

Jean Genet nasceu na capital francesa, em 1910. Filho de uma prostituta que o criou até os 7

meses de vida e de pai desconhecido, foi posto para adoção e depois criado na pequena cidade

de Alligny-en-Morvan. A família adotiva era comandada por um pai carpinteiro e segundo sua

biografia era amorosa e atenciosa. Jean estudou em boas escolas, mas na infância Jean tentou

fugir de casa várias vezes e foi pego realizando pequenos furtos.

Após a morte de sua mãe adotiva,foi morar com um casal mais velho com quem ficou por menos

de dois anos. Jean passava as noites fora, usava maquiagem e roubava com frequência. Certa

ocasião, ele esbanjou uma soma considerável de dinheiro, que lhe haviam confiado para entrega

em outro lugar, em uma visita a uma feira local.

Por esta e outras contravenções, incluindo atos repetidos de vadiagem, ele foi enviado com 15

anos de idade para a Colônia Penal de Mettray, onde ficou detido de 2 de setembro de 1926 a 1 de

março de 1929. Ao ser libertado, ele se alistou na Legião Estrangeira Francesa, mas foi

dispensado sem honras por “atos indecentes” com outros colegas. Depois disso, ele passou um

tempo vagando e roubando e, algumas vezes, se prostituindo para poder sobreviver.

Jean retornou a Paris em 1937 e entrou e saiu da prisão por uma série de crimes menores como

furtos e falsificação. Na prisão, Jean escreveu seu primeiro poema, “Le condamné à mort”,

impresso por ele mesmo, além do romance Nossa Senhora das Flores (1944). Seus primeiros

trabalhos, Nossa Senhora das Flores e O Milagre da Rosa, chamaram a atenção de Jean Cocteau,

mas foi através da influência de Jean Paul Sartre que ficou famoso.

Carreira

Cocteau se valeu de seus contatos para que o livro de Jean fosse publicado e em 1949, quando

Jean enfrentava a possibilidade de ser condenado à prisão perpétua, Cocteau e outras

importantes figuras do cenário artístico francês, como Sartre e Pablo Picasso, pediram e

conseguiram junto ao presidente francês que a pena fosse suspensa. Jean nunca mais voltou à

prisão.

Foi também amigo de outras importantes personalidades de seu tempo: o filósofos Jacques

Derrida e Michel Foucault, os escritores Juan Goytisolo e Alberto Moravia, os compositores Igor

Stravinski e Pierre Boulez, o diretor de teatro Roger Blin, os pintores Leonor Fini e Christian

Bérard, os líderes políticos Georges Pompidou e François Mitterrand.

Depois do suicídio de um de seus amantes e do amigo e tradutor Bernard Frechtman, ele próprio

tentou se matar. Genet passou a década de 1960 colhendo frutos de sucesso de seus romances,

peças e roteiros. Mas, a partir dos anos 1970 até a sua morte, em 1986, engajou-se na defesa de

trabalhadores imigrantes na França, assumiu a causa dos palestinos e envolveu-se com líderes

de movimentos norte-americanos como Panteras Negras e Beatniks.

Publicou suas memórias no livro “Diário de um Ladrão”, onde narra suas aventuras e andanças

pela Europa, suas paixões e seus sentimentos.

O Balcão tornou-se uma montagem de grande sucesso no teatro brasileiro, encenada pelo diretor

argentino Victor Garcia, numa cenografia muito peculiar e inovadora, produzida por Ruth

Escobar na sala Gil Vicente em 1969.

Uma homenagem de Isidoro Diniz ao amigo Nei Mendes, que tanto
contribuiu para a arte teatral no Paraná. Bravo!!!

FICHA TÉCNICA
ANJO MALDITO
Uma livre adaptação de Rhenan Queiroz da obra de Jean Genet
Direção: Maurício Vogue
Assistência de Direção: Isidoro Diniz
Com Glayson Cintra e Lucas dos Santos
Iluminação e Operação de Luz: Lucas Amado
Sonoplastia: Gilson Fukushima
Figurinos e Adereços: Marcello Salles
Cenografia: Isidoro Diniz, Marcello Salles e Maurício Vogue
Operação de Som: Filipe Castro
Designer Gráfico: Cesar Almeida
Fotos: Kraw Penas
Coordenação: Carlos Roberto Barbosa
Direção de Produção: Bia Reiner
Assessoria Produção: Adriano Petermann
Mídias sociais: Milena Kleiquian
Local Carpintaria Teatral
Centro Cultural Teatro Guaira – Entrada Rua Amintas de Barros
Realização: CIA. NOSSA SENHORA DO TEATRO CONTEMPORÂNEO

O sinal de diferente equivale a
diferença ou desigualdade entre os
termos de uma operação matemática.

“Aya” é um símbolo africano que
representa superação, força,
perseverança e resistência. Ele faz
parte de um conjunto de simbolos
conhecidos como “Adinkra” e também
está relacionado a independência e
coragem.

O espetáculo é realizado com recursos da Lei Federal de Incentivo à Cultura
com patrocínio da Sanepar e Governo do Estado do Paraná.
Agradecimentos:
Luciana Casagrande (Secretária de Estado da Cultura do Paraná), Cleverson
Cavalheiro (Presidente do Centro Cultural Teatro Guaira), Áldice Lopes
(Diretor Artístico do Centro Cultural Teatro Guaira), Eduardo Egelhardt
(Padaria América), Jewan Antunes (Coordenação de Cultura da UFPR), Cesar
Almeida, Letícia Guimarães e Waldir Bertulio Segundo.